terça-feira, 11 de agosto de 2015

Catimbó: A organização da casa

A organização de casas de Catimbó é muito simples, tão simples como as pessoas que o organizam e frequentam. Possivelmente é esta simplicidade que o faz tão fácil de ser entendido e tão forte mesmo em lugares onde existem terreiros de Candomblé, Xangô ou Umbanda.

No Catimbó o gongá é substituído por uma mesa, literalmente uma mesa, sendo que eventualmente estas pode ser o próprio chão do local. Nesta mesa estarão colocadas as princesas e principes com os fundamentos de cada Mestre. Esta mesa poderá conter algumas imagens, principalmente de santos católicos. Não é o padrão os mestres serem representados por imagens em profusão como na Umbanda. Catiçais de vela são essenciais, assim como os cachimbos dos mestres.

A mesa poderá estar em um local central, no caso de os trabalhos serem em volta da mesma, mas normalmente estará em uma posição de destaque, mas nas extremidades da sala.

O resto do espaço liturgico é aberto e não existe separação entre os discípulos, os mestres e a audiência de frequentadores. As pessoas se misturam com todos e existe um acesso informal dos mestres com os frequentadores. Normalmente os discípulos se colocaram em círculo, fazendo a roda da Jurema, cantando e dançando junto com os mestres e os convidados em volta. Na medida em os mestres forem "virando" eles vão estar no centro o Roda ou conversando com os vistantes em volta.

Hierarquia

No alto da organização existe o Mestre principal, o mais poderoso de todos e que é responsável pela casa. Como toda casa tem um dono o mesmo ocorre no Catimbó. Abaixo deste encontraremos os discípulos-mestres que já estão desenvolvidos e trabalham com seus mestres com seus cachimbos consagrados. A seguir estarão os demais discípulos em estágio de desenvolvimento, com ou sem o seu cachimbo.

O processo de desenvolvimento é gradual, mas, não segue as rígida estrutura de liturgias de Xangôs e Candomblés. Os mestres irão se acostar nos discípulos na medida em que quiserem e o discípulo irá aprendendo com seu Mestre na medida do seu desenvolvimento. O poder mágico é lentamente obtido e mais de um mestre poderão trabalhar com cada discípulo.

Um discípulo será tão importante quanto forte seja o seu Mestre nos trabalhos e cura e ajuda aos frequentadores e também o quanto de poder e magia este mesmo discípulo tenha no trabalho não incorporado através do seu cachimbo. O trabalho no Catimbó pode ser feito sem a incorporação e os discípulos desenvolvidos devem ter a capacidade de invocar o trabalho mágico dos seus mestres sem estes estarem acostados. Esta é a medida do poder e força de um discípulo.

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